”A ARMADILHA” É NOVA ARMADILHA DE M. NIGHT SHYAMALAN
Por Caesar Moura
(03/09/2024)
Vamos jogar limpo, sem policiamento correto ou hipocrisias: Sempre que sabemos de um novo filme de M. Night Shyamalan esperamos sim por um novo “O Sexto Sentido” (Obra-prima de estréia, 1999). No mínimo um “A Vila” (2015), um “Sinais” (2002), ou melhor, um “Corpo Fechado” (2000) da vida. Tudo menos um “Tempo" (2022) ou um “Fim dos Tempos” (2008). Please.
Não sei se é porque vim carregado da sessão de “Observadores" (2024), esse de Ishana Night Shyamalan, filha de M. Night, filme com um fiapo de boa idéia, na “melhor linha Shayamlan”, desperdiçando tudo com uma direção preguiçosa e uma Dakota Fanning - ótima na série imperdível “Ripley" (Netflix, 2023), - surpreendentemente apática e sem carisma algum, mas achei “A Armadilha” (Trap, 2024) mais uma bola fora de Shyamalan.
Foto: Divulgação
Apesar de melhor que “Batem a Porta” (2023), “A Armadilha” tenta ser 2 filmes em 1 e derrapa feio. Como sempre, o fiapo de história é interessante e promissor: Cooper (Josh Hartnett, um ator que geralmente não compromete, mas que aqui se perde), um psicopata assassino, leva sua filha para o show de sua artista pop favorita Lady Raven (Saleka Shyamalan, outra filha de M. Night, numa interpretação cafona, de novela) e lá descobre que seu disfarce está em risco quando é informado de que todo o show é uma armadilha para pegar o criminoso “O Açougueiro” (que parece ser o único codinome de psicopata que Hollywood conhece), no caso, o próprio Cooper. Bem, até aí o filme mantém nosso interesse vivo tentando imaginar as situações absurdas e criativas que uma premissa claustrofóbica como essa exige. As intromissões da mãe de uma aluna que pratica bullying (a divertida Marnie MacPhail) são ótimas, meio hitchcockinianas, e realmente ajudam na sensação de “cerco se fechando”. E esse é o problema: Justo enquanto aguardamos pelo próximo desafio, Shyamalan desiste da própria ideia, nos deixa para trás, e parte para um segundo ato que é uma série de clichês do gênero - com direito a psicopata com olhos arregalados, sorrisinhos agudos e síndrome de Michael Meyers - onde só Alison Pill (ótima!) se salva.
Faz assim, espera chegar no streaming. Por lá costumamos ser mais caridosos com o que é mediano.
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