JOJO, QUE TIRO FOI ESSE?
Por Caesar Moura
Muita gente pode ler ou ouvir sobre Jordana Gleise de Jesus Menezes (27) e não associar a nada especial num primeiro momento, mas com certeza ao ouvir "Jojo Todynho", sendo seguidor ou não da celebridade, a primeira palavra que virá a cabeça será "confusão".
A confusão da vez vem pós publicação de uma foto de Jojo nas Redes ao lado da esposa do ex-presidente junto com o anúncio público de apoio à um candidato símbolo da extrema-direita, a mesma que quer ver LGBTQIs aniquilados.
Comecei a seguir Jojo em 2020, se não me engano. O mundo tentava sobreviver a Pandemia e, em casa por tanto tempo, tentávamos nos conectar a quem fosse no intuito de manter o mínimo senso de "normalidade": Jojo para mim foi uma dessas tentativas. Durante mais de 1 ano a segui acreditando entender aquela "fúria" que ela vende em suas redes, achando que ela vinha de um lugar parecido com o meu. Até que saquei que o que me levava à Jojo na verdade era uma velha síndrome da Comunidade Gay: A "Síndrome do Patinho Feio".
Foto: Redes Sociais
Resumidamente, a fábula do Patinho Feio é sobre um "patinho" que é rejeitado até pela família e que, no fim das contas, se revela um lindo Cisne aceito e admirado por todos que o rejeitaram. Que gay no planeta Terra não conhece bem a sensação de ser rejeitado por sua aparência, por suas diferenças? Que gay no universo não sabe o que é sentir-se ao menos uma vez na vida um "patinho feio"?
E é aí que vem o problema: Jojo nunca mentiu para ninguém sobre quem ela é, nós é que cometemos o erro de confundi-la como uma de nós, por vermos nela um "Patinho Feio" que - como a maioria de nós - só quer a chance de ser aceita para mostrar a bela cisne que na verdade ela é: Alguns "Patinhos Feios" quando se descobrem Cisne não querem reparação, mas vingança.
Jojo pode ter feito parte da fortuna com Pink Money, mas já há algum tempo vem faturando mesmo com o Hate Money (dinheiro gerado com o altíssimo engajamento de conteúdo, geralmente, repleto de violência verbal)
Nessa história toda que foi pauta do dia na Comunidade Gay brasileira um fator me pareceu mais sombrio: O discurso da agenda "anti-gay" da extrema-direita parecia estar pronto na boca de Jojo há tempos - como uma raiva antiga - e continua poderoso.
Enquanto a Esquerda insiste em lidar com sua narrativa de "certo ou errado", "bem ou mal", a extrema-direita calca sua narrativa no conceito do Dilema. Enquanto o discurso do "Certo ou Errado" leva a um beco sem saída da moralidade contemporânea, ou seja, discute-se, discute-se e no fim tudo acaba no "Ah, mas quem nunca?", o da Direita trabalha com o conceito de Dilema, aquele conceito onde uma mesma verdade aparentemente serve/beneficia os dois lados de uma discussão. Um exemplo é um vídeo mais recente do dia onde aparentemente Jojo responde à popular Deputada Erika Hilton. No vídeo Jojo acusa Hilton de opressão, quase que querendo dizer que "oprimindo seu direito de não querer seguir apoiando Comunidade LGBTQI nenhuma" o que num primeiro olhar parece um direito legítimo, não fosse o fato de que na verdade a réplica e Jojo não passa de uma tática para nos distrair da pergunta principal, um Dilema entre “Mas ela tem o direito” x “Mas até onde é um direito ou a mera confissão do oportunismo homofóbico” nos parece mais atrativo do que: Porque então você nos deixou acreditar durante tanto tempo de que era simpática à Causa?
Jojo, de onde veio tanta raiva da gente? Você chegou a casar com um de nós. O que fizemos de errado? Existimos?
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